Restaurante Olivença – Ponte de Sôr
Alentejano
dos quatro costados
O nome
Olivença faz lembrar disputas ancestrais, mas esta é uma casa bem portuguesa
onde manda a gastronomia típica do Alentejo. Aqui, serve-se o melhor da região
com uma cozinha à moda antiga, alguns pozinhos de criatividade e… migas para
todos os gostos.
Bem diz o
ditado que quem vê caras não vê corações. Para lá da fachada discreta do
Olivença, situado na rua com o mesmo nome, esconde-se um pequeno tesouro que se
vai revelando aos poucos. À porta já há fila, ou não fosse este um dos
restaurantes mais recomendados de Ponte de Sor e mesmo da região.
No interior, a apresentação também é simples e as paredes em azulejo dominam a
sala, mas vários apontamentos de decoração, como o quadro com paisagens locais
ou os pratos de olaria típica, começam subtilmente a revelar a principal fonte
de inspiração da casa: o Alentejo.
São os seus sabores e tradições que enriquecem o extenso e variado menu
proposto pelo espaço, sempre com aquele atendimento familiar e atencioso tão
próprio destas paragens. Venha de lá então o melhor do Olivença!
Só migas
há mais de 10 variedades…
Com tanto por onde escolher o mais difícil é tomar uma decisão, por isso vá
pedindo sugestões ao dono, o Sr. Joaquim Teles Godinho (à frente da casa há
quase 15 anos), sempre pronto para explicar os paladares de cada prato e a
proveniência dos seus produtos. E muitos vêm directamente do campo, da horta ou
do mercado municipal ali mesmo ao lado.
É o que acontece com os espargos bravos (acompanhados com os ovos mexidos) e
com os cogumelos gratinados que abriram as “hostilidades” à mesa, juntamente
com uma cacholeira (fumeiro), uma farinheira assada e uma salada de cogumelos
com camarão e pimentos.
Depois das entradas, segue-se a sopa de cação, especialidade típica de Ponte de
Sor, logo seguida das obrigatórias migas caseiras, que já ganharam fama na
cidade e não só.
É atrás
delas que aqui chegam muitos forasteiros, como comprova a foto orgulhosamente
afixada na parede com uma conhecida actriz e um não menos famoso jogador de
futebol.
Se é apreciador das migas, então está no sítio certo porque aqui chegam a ter
mais de 10 variedades. Nós provámos as de espargos com plumas e as de coentros
com lombo assado, mas também há de miolos à alentejana com panadinhos, de
couve-flor com lombinhos ou de poejos, apenas para dar alguns exemplos.
Outras especialidades deste restaurante são a Açorda alentejana com bacalhau, o
Ensopado de borrego, o Polvo à lagareiro e os doces típicos, como a Encharcada
de noz, a Sericaia ou o Teco Lameco. Quanto ao vinho, predominam os rótulos do
Alentejo, que também não podia faltar na sangria da casa.
Gostinho
caseiro
Curiosamente, um dos pratos com mais saída – o Bacalhau melhorado – até tem
pouco de típico, mas é um bom exemplo da criatividade da cozinha do Olivença.
No fundo, trata-se de uma espécie de bacalhau com natas, mas (melhorado) com
uma dose generosa de camarões. Daí o seu nome…
Esta especialidade, mas também os cogumelos gratinados ou até algumas
variedades de migas foram idealizados por Margarida Godinho, cozinheira à moda
antiga que aprendeu os segredos da gastronomia regional com a mãe e a avó.
Foram elas que lhe ensinaram a dar valor aos produtos da terra, a aproveitar a
magia das ervas aromáticas e a renegar tudo o que seja congelado. “Não é nenhum
segredo, mas simplesmente gosto do que é natural e tradicional, por isso é que
a minha comida ainda tem aquele saborzinho caseiro”, revela.
O sabor e a fartura dos pratos é, de facto, o principal tesouro desta casa, que
se começa a descobrir assim que a comida chega à mesa. O espaço e decoração
podem ser discretos e desrespeitosos mas a cozinha, essa, não deixa ninguém
indiferente. E afinal de contas, não é isso que mais interessa num restaurante?